sábado, 13 de março de 2010

Computador revolucionário consegue ler mentes.


Os especialistas britânicos impressionaram a comunidade científica ao desenvolver um computador capaz de realizar funções complexas como ler mentes. A máquina consegue "adivinhar", por exemplo, o nome de um filme, caso uma pessoa pense em até três títulos.
O leitor de memórias foi desenvolvido por pesquisadores da University College London, na Grã-Bretanha. Os cientistas pediram para que algumas pessoas assistissem a três filmes curtos e, em seguida, o cérebro de todos eles foi "escaneado".

O exame mostrou aos especialistas que o cérebro de cada um dos participantes respondeu de maneira particular a cada um dos filmes, iluminando-se de forma diferente. Dessa forma, os cientistas conseguiram criar um software capaz de identificar diferentes padrões.

Em seguida, os cientistas solicitaram aos voluntários que pensassem nos vídeos novamente, de modo que o computador pudesse tentar identificá-los. A máquina, em 45% das vezes, conseguiu dizer o nome de um dos filmes.

"Nossa lembranças são armazenadas na memória em padrões regulares", disse Martin Chadwick, pesquisadora que liderou o estudo britânico, publicado nesta quinta-feira na revista especializada Current Biology.

Martin ressaltou ainda que esse é um passo importante na busca por um verdadeiro leitor de mentes.
O levantamento, que foi financiado pela Wellcome Trust, foi focado no hipocampo, uma pequena área do cérebro que desempenha um papel crucial no ato de imaginar acontecimentos futuros, além de atuar no que diz respeito a memória.

As conclusões da pesquisa também podem ter importantes implicações médicas e ajudar especialistas no tratamento do Mal de Alzheimer e derrame.

Fonte: Revista Veja

sexta-feira, 5 de março de 2010

O CÓDIGO DE MOISÉS.


O CÓDIGO DE MOISÉS:- CONSTRUINDO UM MUNDO HARMONIOSO E PACÍFICO

por Vera Bassoi

A importância de uma cultura do diálogo e de uma cultura de paz são temas tratados nos últimos anos pelas Nações Unidas e estão recebendo cada vez mais atenção na sociedade global. O desafio que enfrentamos está em plantarmos firmemente as sementes de compreensão, respeito, benevolência, compaixão, sinceridade, amor incondicional, e promover seu crescimento para que possam florescer e dar frutos no mundo do século XXI. Para conseguir isso, é de importância vital ter um solo rico e fértil, em outras palavras, uma firme e sólida base filosófico – espiritualista que norteie a jornada individual em direção à paz interior. É de suma importância o entendimento de que a paz mundial se inicia dentro de cada um de nós. É preciso desenvolver uma consciência cósmica, pois a humanidade pertence a uma única família, que inclui vários povos e etnias. Não é uma família limitada apenas aos seres humanos, mas envolve também todos os seres vivos de nosso planeta. Somente desenvolvendo uma consciência de que fazemos parte integrante da natureza e do quanto dependemos de tudo e de todos para podermos sobreviver, é que se desenvolve uma profunda admiração pela perfeição e maravilha da criação. Essa admiração nos leva, inevitavelmente, de encontro com a evidência de uma Consciência Criadora que se manifesta através da criação. Faz-se urgente sairmos da ilusão da separatividade, ou seja, do mundinho egóico no qual nos sentimos auto-suficientes ou vítimas, importantes demais ou um zero à esquerda, procuramos levar vantagem em tudo ou não reivindicamos absolutamente nada, nem mesmo o que é de direito, etc... Essa é uma pequena mostra da dualidade à qual a ilusão da separação nos leva. E saibamos que esse caminho não prospera no solo da espiritualidade. De acordo com o budista Daisaku Ikeda, em mensagem enviada a um simpósio intitulado “A Cultura Pluralista e a Harmonia Global”, realizado na China em outubro de 2007, “Um dos pilares centrais da base espiritual é representado, no Confucionismo, pela doutrina do Meio (centralidade) e, no Budismo, pelo ensino do Caminho do Meio... A doutrina do Meio refere-se, naturalmente, a um modo de vida que evita os extremos. Não se trata, no entanto, de uma condição passiva nem neutra, nem de uma simples média dos dois extremos. É um modo de vida livre, dinâmico e sem entraves, firmemente arraigado na realidade. Sua vibrante sabedoria tem o apoio do “caminho do Céu”, ou seja, dos “princípios supremos.” E a sinceridade, a benevolência, a compaixão, a compreensão, a paciência, o amor incondicional referem-se ao comportamento humano que está de acordo com esse caminho. O Caminho do Meio também é uma forma de viver em que correspondemos às constantes mudanças e situações da vida individual e da sociedade humana, com base na “sabedoria da verdade” que age de acordo com as circunstâncias que mudam e, portanto, nos dá condições de criarmos nossos valores de forma livre e contínua. Nossas crenças não podem ser imutáveis. Por sinal, alguém já disse que a única constante que existe no mundo, é a mudança. O budismo, a kabbalah e outras tantas filosofias de vida propõem o “princípio da unicidade” do Universo e do eu. Isso seria o despertar da ilusão de separatividade. No filme “O Código de Moisés”, ainda não lançado oficialmente no Brasil, entendi racionalmente algo que minha alma aceitava, mas que minha mente não compreendia, ou seja, a frase que O Criador teria dito a Moisés no episódio da “sarça ardente”: - “I AM THAT I AM”, ou “EU SOU AQUILO QUE SOU”. Até agora eu, cada vez que lia essa frase, ficava intrigada com a falta de sentido ou com a não compreensão do sentido maior que, talvez, eu pudesse não estar captando. Então, simplesmente eu deixava a mente de lado e sentia com o coração o eco do “EU SOU” ressoando dentro de mim e me fazendo pertencer ao todo. Eis que finalmente minha dúvida foi dissipada quando, no filme, a vírgula é colocada no seu devido lugar. É isso mesmo: o código é a vírgula. Articulando dessa forma, agora sim, tudo passa a ter sentido: - “I AM THAT, I AM” ou “EU SOU AQUILO, EU SOU”. A explicação foi claríssima, pois, se entendo que faço parte do todo e que o todo está em mim, posso olhar para uma pessoa carente, para um doente, enfim, para qualquer pessoa, “santo” ou “pecador”, e dentro de mim afirmar silenciosamente, sem preconceitos, sem julgamentos, sem resistência: eu sou aquilo, eu sou. Da mesma forma, ao olhar para um vegetal, para um animal, para tudo que existe na natureza e for capaz de dizer: “eu sou aquilo, eu sou”, estarei compreendendo verdadeiramente o sentido da frase tão usada nos meios esotéricos nos dias de hoje: “Somos Todos Um”. Se conseguirmos sentir, nos recônditos mais profundos da nossa alma, a veracidade da afirmação que Deus fez a Moisés, com certeza mudaremos radicalmente a postura diante de tantos julgamentos que povoam a maior parte dos nossos pensamentos e sentimentos. É preciso mudar, e a hora é agora. Estamos sendo despertados para não perdermos mais tempo. Referindo-me ainda ao filme, vale a pena lembrar do depoimento de um jovem americano que estava nas redondezas das torres gêmeas no famigerado 11 de setembro. Ele conta, com emoção, os horrores da tragédia humana e de como, após um tempo de “paralisamento”, foi impelido a ir de encontro ao palco onde o drama se desenrolava, enquanto outros tantos fugiam amedrontados tentando se salvar. Ele pediu uma máscara aos bombeiros e se juntou a eles sem pensar em outra coisa senão resgatar rapidamente aqueles que ainda estivessem com vida. Disse que jamais irá se esquecer de uma cena que mexeu muito com ele: um senhor, vestido com terno e gravata, teria engatinhado e se esgueirado para debaixo de um dos carros de bombeiros, com o fim de se esconder do perigo, de se proteger. Eis que desmorona parte de um dos prédios, exatamente em cima daquele “porto seguro”! Depois ele viu aquele senhor completamente desfigurado e, por vários dias, não conseguia dormir sem se lembrar disso. A partir desse episódio, a vida desse jovem sofreu uma transformação radical. Percebeu nitidamente a vulnerabilidade do corpo físico e, dentro dele, desenvolveu uma imensa vontade de servir. Portanto, baseados numa filosofia de respeito à vida, podemos, de fato, contribuir com a fertilização de um solo espiritual no qual se edificará uma harmonia interior e, conseqüentemente, será possível acreditar que, se a transformação de cada indivíduo afeta o todo, então não será utópico pensar na possibilidade de alcançarmos uma cultura de Paz no Planeta Terra, à partir da paz interior alcançada por cada indivíduo. Sabemos, sem ilusões, que o caminho é longo, mas é possível. Resta dizer que o filme “O Código de Moisés” foi exibido em mais de 1.500 lugares do planeta, em diversas sessões simultâneas concentradas nos dias 4, 5 e 6 de abril de 2008. Eu assisti no dia 05 de abril na PAX, em São Paulo, ( www.pax.org.br ) com exclusividade, pois é Carmen Balhestero quem tem os direitos dos filmes do Spiritual Cinema Circle ( Stephen Simons ) e Emissary Productions ( James Twyman ) no Brasil, e é ela quem faz a tradução dos filmes para a língua portuguesa.


Um fantástico sobre a presença de Deus em nossas vidas!

Tive a oportunidade de assistir o filme ," O Código de Moisés", um maravilhoso documentário que segue a linha do filme" O segredo", conforme o filme vai passando, fui me emocionando, este filme descreve de uma forma simples e clara como Deus está presente em nossas vidas, como o cotidiano nos faz esquecer como somos divinos,somos anjos, somos parte de um Universo, somos um só,somos Deus. Uma explicação inétida para aquela frase de Jesus Cristo: "Amai o próximo como a si mesmo". Somos todos um, isso explica como nos emocionamos com sentimentos de dor, amor, raiva, ódio. Como nos reconhecemos em nossos irmãos,atitudes boas ou más, identificamos no próximo aquilo que vivenciamos. Explica muito bem a diferença entre nosso Deus e nosso Ego através das escolhas que fazemos, e que os bens materiais não trazem o bem estar,a felicidade da alma.Mas se vc é feliz, se compartilha atitudes benéficas com seu semelhante,a lei da atração poderá lhe trazer prosperidade na vida. Vale a pena conferir, o livro ou o documentário que traduz de forma simples como somos MARAVILHOSOS, e na minha opinião o verdadeiro significado de DEUS.

Edilene.


LINKS DO FIME:

http://www.youtube.com/watch?v=TMVZA_JOu7k&feature=PlayList&p=040247BF8008576F&index=0
http://www.youtube.com/watch?v=ZJTA1_ApdAg&feature=PlayList&p=040247BF8008576F&index=1
http://www.youtube.com/watch?v=NeKSOXD82lk&feature=PlayList&p=040247BF8008576F&index=2
http://www.youtube.com/watch?v=A61lmZfektM&feature=PlayList&p=040247BF8008576F&index=3
http://www.youtube.com/watch?v=Q5syb3VLLg8&feature=PlayList&p=040247BF8008576F&index=4
http://www.youtube.com/watch?v=DrQYksMC1F8&feature=PlayList&p=040247BF8008576F&index=5


quinta-feira, 4 de março de 2010

Uma experiência do neurocientista americano Michael Persinger, batizada “O Capacete de Deus”.

A fé que faz bem à saúde

Publicado Thursday, March 26th, 2009 as 1:58 pm. Categoría: Estudos

Novos estudos mostram que o cérebro é “programado” para acreditar em Deus - e que isso nos ajuda a viver mais e melhor

Letícia Sorg. Colaborou Marcela Buscato

A capacidade inata de procurar a explicação de um fenômeno é uma das diferenças entre o ser humano e outros animais. O homem primitivo não tinha como entender eventos mais complexos, como a erupção de um vulcão, um eclipse ou um raio. A busca de explicações sobrenaturais pode ser considerada natural. Mas por que ela desembocou na fé e no surgimento das religiões? Cientistas de diferentes áreas se debruçaram sobre a questão nos últimos anos e chegaram a conclusões surpreendentes. Não só a fé parece estar programada em nosso cérebro, como teria benefícios para a saúde.

Com sua intuição genial, Charles Darwin, criador da teoria da evolução há 150 anos, já havia registrado ideia semelhante no livro A descendência do homem, em 1871: “Uma crença em agentes espirituais onipresentes parece ser universal”. “Somos predispostos biologicamente a ter crenças, entre elas a religiosa”, diz Jordan Grafman, chefe do departamento de neurociência cognitiva do Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame (leia a entrevista). Grafman é o autor de uma das pesquisas mais recentes sobre o tema, publicada neste mês na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Em seu estudo, Grafman analisou o cérebro de 40 pessoas - religiosas e não religiosas - enquanto liam frases que confirmavam ou confrontavam a crença em Deus. Usando imagens de ressonância magnética funcional - que mede a oxigenação do cérebro -, o neurocientista descobriu que as partes ativadas durante a leitura de frases relacionadas à fé eram quase as mesmas usadas para entender as emoções e as intenções de outras pessoas. Isso quer dizer, segundo Grafman, que a capacidade de crer em um ser ou ordem superior possivelmente surgiu ao mesmo tempo que a habilidade de prever o comportamento de outra pessoa - fundamental para a sobrevivência da espécie e a formação da sociedade. E para estabelecer relações de causa e efeito. A interferência de um ser muito poderoso seria uma explicação eficiente para aplacar a necessidade de entender o que não se consegue explicar com o conhecimento comum.

Mas o que levaria o ser humano, dotado de razão, a acreditar que um velhinho de barba branca, em cima de uma nuvem, atira raios sobre a Terra? Ou que 72 virgens aguardam os fiéis no Paraíso? “Tendemos a atribuir características humanas às coisas, inclusive ao ser divino”, diz Andrew Newberg, neurocientista da Universidade da Pensilvânia (leia a entrevista), autor de outro importante estudo sobre o poder da meditação e da oração. “A crença religiosa surgiu como um efeito colateral da maneira como nossa mente é organizada, da maneira como ela funciona naturalmente”, diz Justin Barrett, antropólogo e professor da Universidade de Oxford.

Para Barrett, autor do livro Why would anyone believe in God? (”Por que alguém acreditaria em Deus?”), há evidências de que os sistemas religiosos ajudam a manter comunidades unidas - a dividir, a confiar, a construir redes sociais mais fortes. Barrett afirma que a mente das crianças é um exemplo de como a fé se manifesta precocemente. Em uma das experiências, pesquisadores mostraram uma caixa de biscoitos às crianças e perguntaram a elas o que havia dentro. Como não são bobas, as crianças responderam: “Biscoitos”. Ao abrir a caixa, o que encontravam eram pedras. Então, os cientistas perguntaram às mesmas crianças o que suas mães achariam que havia dentro da lata e o que Deus diria se visse a lata. As crianças de 3 anos disseram que as mães, assim como Deus, diriam que havia pedras. A partir dos 5 anos, elas responderam que a mãe diria “biscoitos”, mas que Deus responderia “pedras”.

Já se chegou a pensar que uma espécie de curto-circuito na parte lateral do cérebro pudesse gerar casos de religiosidade extrema. Ficou famosa uma experiência do neurocientista americano Michael Persinger, batizada “O Capacete de Deus”: um capacete que estimulava eletricamente o cérebro do usuário. Segundo Persinger, oito em cada dez pessoas, qualquer que fosse a confissão religiosa, diziam experimentar um “sentimento religioso” ao vestir o aparato. Mas a maioria dos estudos científicos recentes - sejam eles baseados em imagens do cérebro ou no comportamento humano - afastou a hipótese de que a experiência religiosa seja o mero efeito de estímulos eletromagnéticos em uma parte específica do cérebro. O biólogo evolucionista pop e “ateu militante” Richard Dawkins chegou a usar o capacete para um documentário da BBC britânica. Não conseguiu “encontrar Deus” - só desconforto para respirar e mexer-se. Hoje, Persinger se defende das críticas a seu estudo. “A ‘estimulação religiosa’ reduz a ansiedade e pode ser útil para melhorar a cooperação social”, disse.

Em 2004, o cientista americano Dean Hamer chegou a divulgar que havia descoberto um gene ligado à fé. Publicou o livro O gene de Deus. Batizado vmat2, seria responsável pelo transporte de mensageiros cerebrais, entre eles a serotonina, além de gerar o pensamento religioso. Polêmico na academia desde que anunciou a descoberta de um “gene gay”, supostamente responsável pela homossexualidade masculina, Hamer e seu livro foram acolhidos com ceticismo. Para Jordan Grafman, explicações únicas são insuficientes para elucidar a origem da fé em algo divino. A imprensa batizou seu estudo de “God spot” (o “ponto de Deus”), um trocadilho com o suposto “ponto G”, responsável pelo orgasmo feminino. “O ‘ponto de Deus’ é tão mítico quanto o ponto G”, diz Grafman, irônico. Andrew Newberg também descarta explicações simplistas. Vários estudos demonstraram uma relação entre experiências religiosas e certos tipos de desordem cerebral. “Mas essas associações não podem ser a única resposta”, diz Newberg. Apenas uma pequena porcentagem das pessoas que sofrem de epilepsia no lobo temporal tem esse tipo de experiência.

Newberg, que estuda as manifestações cerebrais da fé há pelo menos 15 anos, descobriu que as práticas religiosas acionam, entre outras regiões do cérebro, os lobos frontais, responsáveis pela capacidade de concentração, e os parietais, que nos dão a consciência de nós mesmos e do mundo. Em seu novo livro, How God changes the brain (”Como Deus muda seu cérebro”), que será lançado nesta semana nos Estados Unidos, Newberg explora os efeitos da fé sobre o cérebro e a vida das pessoas. Segundo o neurocientista, os estudos anteriores olhavam para os efeitos de curto prazo de práticas como a meditação e a oração. Agora, ele e seu grupo encararam a difícil tarefa de responder à questão: o que acontecerá se você adotar, com frequência, uma prática como a meditação ou a prece?

Fotos: Marco Simoni/Getty Images e James Marshall/Getty Images

FÉ UNIVERSAL
No sentido horário, a partir do alto à esquerda, budistas, cristãos ortodoxos, muçulmanos e judeus oram e meditam. Darwin já notara a universalidade da crença religiosa

Fotos: Stefan Boness/Panos

O grupo de Newberg analisou o cérebro de pessoas que meditam e oram rotineiramente e notou os resultados dessas práticas para o cérebro e para as pessoas. No livro, ele lista nove técnicas de meditação (leia o quadro) que podem ser adotadas por crentes ou ateus. Numa delas, a pessoa se concentra em um tipo de diálogo interno. “Descobrimos que essa prática ajuda as pessoas a criar intimidade, a interagir com as outras e a se comunicar com quem elas conhecem ou não”, diz Newberg.

Ainda estão sendo feitos estudos para compreender melhor a meditação e a prece, mas a pesquisa de Newberg mostra que, durante essas atividades, o lobo frontal fica mais ativo, e o lobo parietal menos. Como essa parte do cérebro é responsável pela noção de tempo e espaço, “desligá-la” geraria a sensação de imersão no mundo e a de ausência de passado e futuro muitas vezes relatadas por religiosos. A maior atividade do lobo frontal, além de melhorar a memória, segundo vários estudos também estaria ligada à diminuição da ansiedade. “Quando a pessoa volta sua atenção para o momento presente, não há riscos porque não há futuro”, diz Paulo de Tarso Lima, médico especializado em medicina integrativa e complementar e responsável pela implantação da especialidade dentro do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O simples fato de acreditar em um ser superior - seja ele qual for - reduziria a ansiedade.

Dois estudos canadenses publicados neste mês mostram que quem crê em Deus tende a lidar melhor com os erros. O grupo de pesquisa, liderado pelo professor de psicologia Michael Inzlicht, da Universidade de Toronto, pediu a pessoas de várias orientações religiosas e também àquelas que não creem em Deus que elas dissessem os nomes das cores que apareciam a sua frente. Quando elas cometiam um erro, uma área do cérebro chamada “córtex cingulado anterior” era ativada. “Quanto mais forte a religiosidade e a crença em Deus dos participantes, menor era a resposta dessa região ao erro”, diz Inzlicht. Isso seria uma evidência de que as pessoas religiosas ficam mais calmas diante de um erro. “Suspeitamos que a crença religiosa protege contra a ansiedade porque dá um sentido para as pessoas. Ajuda-as a saber como agir e, com isso, reduz a incerteza e o estresse”, afirma Inzlicht.

 Divulgação

MENTE ATIVA
Um monge budista é submetido a um eletroencefalograma. Nos últimos anos, vários estudos analisaram a atividade cerebral de quem ora ou medita

A influência da crença em Deus na redução do estresse já é quase um consenso entre os médicos. “As doenças relacionadas ao estresse, especialmente as cardiovasculares, como a hipertensão, o infarto do miocárdio e o derrame, parecem ser as que mais se beneficiam dos efeitos de uma espiritualidade bem desenvolvida”, afirma Marcelo Saad, outro médico do Albert Einstein. Doutor em reabilitação, Saad é especializado em acupuntura e faz parte do programa de medicina integrativa e complementar do hospital.

Para ser benéfica, a fé em Deus teria de ser associada à prática religiosa? Várias pesquisas mostram que participar de um grupo religioso estruturado - seja ele católico, budista, judeu, evangélico, umbandista - traz benefícios por aumentar o suporte social à pessoa. “Esse apoio social é algo extremamente valioso para a saúde física, inclusive para a sobrevivência e a longevidade”, diz o psicólogo americano Michael McCullough, professor da Universidade de Miami que estuda a maneira como a religião molda a personalidade e influencia hábitos saudáveis e relacionamentos sociais. Ao realizar um “metaestudo” de 42 pesquisas diferentes, o psicólogo descobriu que as pessoas altamente religiosas tinham 29% a mais de chance de estar vivas, em determinado momento do futuro, que as demais. A religiosidade tornaria mais fácil resistir a tentações nocivas à saúde, como o álcool e o fumo. “Para pessoas que acreditam na vida após a morte, pode ser uma decisão racional postergar os prazeres de curto prazo em nome da recompensa eterna”, afirma McCullough.

Robert Hummer, sociólogo e professor da Universidade do Texas, acompanha um grupo de pessoas desde 1992 para tentar esclarecer, entre outras questões, a relação entre a religião e a saúde. Segundo sua pesquisa, quem nunca praticou uma religião tem um risco duas vezes maior de morrer nos próximos oito anos do que alguém que a pratica uma vez por semana. “As evidências da influência da fé na saúde são promissoras e mais que justificam o investimento em outros estudos”, afirma o neurologista brasileiro Jorge Moll, diretor do Centro de Neurociência da Rede Labs-D’Or, rede de laboratórios particular do Rio de Janeiro. Para Moll, o desafio é quantificar a influência da fé e tentar compará-la com o efeito de outras práticas sem conotação religiosa. “A prece e a meditação podem ter vários benefícios. Mas será que a ioga não tem o mesmo resultado?”, diz Moll, que colaborou com Jordan Grafman em vários estudos sobre o funcionamento do cérebro na tomada de decisões morais.

Como trazer isso para dentro dos consultórios e hospitais? Os pacientes não esperam que médicos conversem sobre a fé. Marcelo Saad, do Albert Einstein, reconhece que os profissionais de saúde não são treinados para discutir esse assunto, mas que podem iniciar o diálogo fazendo perguntas simples, como: “Quão importante é a fé em sua vida?” ou “Você gostaria de discutir assuntos religiosos?”. Conforme a resposta, o médico pode sugerir que ele retome a prática religiosa de sua preferência. “Não tem sentido negar a influência da religião na vida das pessoas, especialmente no Brasil, onde 99% da população acredita em Deus”, afirma o médico Paulo de Tarso Lima, que classifica como um desserviço não acolher esse elemento nos consultórios e nos hospitais. Isso significa que todos devem adotar a fé em nome da saúde, assim como se pratica esporte ou se faz dieta? Para quem crê, talvez a resposta seja sim. Mas, para as pessoas que não creem em uma força superior, não necessariamente. “Parece que os benefícios sobre a saúde são incidentais”, diz o psicólogo Michael McCullough. “Ironicamente, ser religioso em busca dos efeitos benéficos para a saúde não dá a ninguém a certeza de que isso vai surtir o efeito esperado.”

Como o cérebro reage à meditação e à oração



Novos estudos mostram que o cérebro é “programado” para acreditar em Deus - e que isso nos ajuda a viver mais e melhor

Como o cérebro reage à meditação e à oração

O neurocientista Andrew Newberg usou uma técnica especial de tomografia em pessoas orando e meditando para avaliar a atividade cerebral. Nas imagens abaixo, quanto mais próxima do vermelho, maior a atividade naquela área do cérebro.